Suicídio - Informando para prevenir
Cerca de dez mil suicídios no Brasil e mais de um milhão em todo o mundo são registrados anualmente. O Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídios. Define-se suicídio como um ato decidido e executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional. Pensamentos, planos e a tentativa de suicídio também fazem parte do que chamamos de comportamento suicida.
Presente ao longo de toda a história da humanidade e em todas as culturas, o suicídio é um comportamento com determinantes multifatoriais, resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos, biológicos, genéticos, culturais e socioambientais. Portanto, deve ser considerado como a conclusão de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser considerado de forma causal e simplista apenas a determinados acontecimentos pontuais da vida do sujeito. Ou seja, é a consequência final de um processo.
MITOS SOBRE O SUICÍDIO
⦁ "O suicídio é uma decisão pessoal, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio". FALSO. Os suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante da prevenção do suicídio. Após o tratamento da doença mental o desejo de se matar desaparece.
⦁ "Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida". FALSO. O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco.
⦁ "As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção". FALSO. A maioria dos suicidas falam ou dão sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte dos suicidas expressou, em dias ou semanas anteriores seu desejo de se matar.
⦁ "Se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em suicidar-se, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o problema já passou." FALSO. Se alguém que pensava em suicidar-se e, de repente, parece tranquilo, aliviado, não significa que o problema já passou. Uma pessoa que decidiu suicidar-se pode sentir-se “melhor” ou sentir-se aliviado simplesmente por ter tomado a decisão de se matar.
⦁ "Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive à uma tentativa de suicídio, está fora de perigo". FALSO. Um dos períodos mais perigosos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no hospital, na sequência de uma tentativa. A semana que se segue à alta do hospital é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada, a pessoa suicida muitas vezes continua em alto risco.
⦁ "Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco." FALSO. Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.
⦁ "É proibido que a mídia aborde o tema suicídio." FALSO. A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma adequada. Isto não aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao contrário, é fundamental dar informações à população sobre o problema, onde buscar ajuda e etc.
Não há como prever quem irá se suicidar, mas podemos ficar atentos aos sinais de alerta e aos fatores de risco para identificar uma possível tentativa suicida. Alguns dos fatores de risco são:
• Tentativa prévia de suicídio: Pessoas que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente.
• Doença mental: Quase todos os suicidas tinham uma doença mental, muitas vezes não diagnosticada, frequentemente não tratada ou não tratada de forma adequada.
• Desesperança, desespero, desamparo e impulsividade.
⦁ Gênero: As mortes por suicídio são em torno de três vezes maiores entre os homens do que entre mulheres. No entanto, as tentativas de suicídio são, em média, três vezes mais frequentes entre as mulheres.
⦁ História familiar e genética: O risco de suicídio aumenta entre aqueles com história familiar de suicídio ou de tentativa de suicídio e também entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou.
Além dos fatores de risco, toda pessoa tem alguns fatores protetivos. Sendo assim, na prevenção ao suicídio, várias medidas podem ser tomadas para aumentar os fatores de proteção e diminuir os de risco:
⦁ Aumentar contato com familiares e amigos;
⦁ Buscar e seguir tratamento adequado para doença mental com o psicólogo;
⦁ Envolver-se em atividades religiosas ou espirituais;
⦁ Iniciar atividades prazerosas ou que tenham significado;
⦁ Reduzir ou evitar o uso de álcool e outras drogas.
É comum que em situações de crises, especialmente se a pessoa tem uma doença mental, surjam pensamentos de morte e mesmo de suicídio. No entanto, felizmente, há melhores formas de lidar com os problemas e superá-los. Para isso, é essencial identificar o problema e buscar os diversos modos saudáveis e construtivos de enfrentá-lo.
Em setembro de 2015, o CVV (Centro de Valorização da Vida) que realiza apoio emocional e prevenção ao suicídio, iniciou o atendimento pelo número 188: Ligações gratuitas a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. O atendimento é de forma voluntária e gratuita para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Além do telefone, há também os canais de e-mail e chat disponíveis no site da organização Quero Conversar - CVV | Centro de Valorização da Vida 24 horas, todos os dias.
REFERÊNCIAS
As vezes não conseguimos sozinhos. Posso ajudar?
Sueli de Paula, Psicóloga, CRP 02/23204
Atendimento Presencial e Online.
WhatsApp 81 9 8540.8637.
Instagram @psi.suelidepaula.
Comments